quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Metade.

Nada poderia me definir melhor, apesar de ser clichê. Impossível ver esse vídeo e ficar sem chorar. E quem disse que quero ficar sem chorar? Preciso das lágrimas para sentir que ainda estou viva, porque metade de mim já morreu e a outra está em estado terminal.

Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito, não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza.
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas, como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.
Que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso, mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar, porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor e a outra metade também.

Heleninha.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Drive your car, live your life.

No começo da semana passada pensava sobre a relação de como as pessoas dirigem seus carros e como dirigem suas vidas. É tão parecido. Uma pessoa afobada no trânsito, tem um perfil. Uma pessoa mais desatenta, tem outro perfil, completamente diferente. Como você lida com o mundo quando está atrás de um volante, é mais ou menos como você lida com sua vida, de um modo geral.

O que me motivou a pensar sobre foi uma leve batida que eu dei numa moto. Olhando meu histórico de acidentes envolvendo terceiros, foi a primeira vez. E, partindo do princípio de que nada (N.A.D.A) acontece ao acaso, porque ali? Porque aquele dia? Porque aquela moto? Porque aquele cruzamento? - que eu sempre tive medo, diga-se de passagem. Qual a relação da música que eu escutava com a batida? Quais eram meus sentimentos na hora em que o fato aconteceu?

Depois disso, em menos de duas semanas de diferença, bati e entortei a mesma roda duas vezes. Porque a mesma roda? Qual a razão de ser protagonista de três pequenos "acidentes" em tão pouco tempo? O que meu inconsciente quer me dizer?

A depressão existe, ela está me cercando o tempo todo. Isso eu nunca neguei. Vem sorrateira, sorridente, de braços abertos, como quem dissesse: "venha aqui, vamos nos entrelaçar e dançar a dança da morte". E aí não posso não me lembrar de Estamira, quando diz: "a minha depressão é imensa, a minha depressão não tem cura". Micro suicídios, leves acidentes que só pesam no bolso, lacerações pelo corpo o tempo todo.

Mas isso é igual traição, sempre tem um momento que você decide ir ou não. O momento da escolha sempre existe. Você pensa em todos os prós e contras da sua relação e decide que se embolar com outra pessoa, porque isso te dá mais prazer do que seu companheiro (a). Ah, o momento da escolha, sempre ele, onde você vê que já passou dos limites da brincadeira e sabe que terá que decidir ser infiel ou não. Na depressão você pesa os prós e contras da sua self-relação e escolhe se é melhor manter-se fiel a você mesmo ou se entregar.

Meta até o meio do ano, voltar para a terapia. Aceitar a minha solidão Instável. Procurar a verdade e tomar a dose dela que me cabe. Espero que até lá eu não tenha morrido, sem querer.

Heleninha

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Brasília, o que mais você quer de mim?

Eu não tenho religião. Nada que me faça ter obrigação me agrada. Ter que ir à igreja, ter que fazer oferenda para entidades, ter compromisso com um ser imaginário. Não entra na minha cabeça. Apesar disso, algumas coisas acontecem comigo e eu não sei explicar de forma racional. Entretanto, sempre acredito que tudo teria uma explicação científica ou psicológica e acaba o tempo para tentar entender porque tenho que trabalhar, ou lavar a roupa, ou limpar a casa, ou ir ao mercado, enfim.

Esses dias, me peguei pensando sobre Brasília. Na minha relação com esta cidade há mais de 10 anos. Me fez levantar a hipótese de que, talvez, eu seja a reencarnação de algum político corrupto e esteja encarnada pagamento meus pecados. Só pode.

Brasília na minha vida entra em 2002, quando eu tinha 14 anos. Estava no primeiro ano do ensino médio e coloquei na minha cabeça que queria fazer engenharia na UnB. Sem outra explicação, porque não escolher São Paulo, Florianópolis, ou até minha cidade mesmo? Não, eu queria Brasília. E ia para lá duas vezes ao ano, fazer o processo seletivo.

Em dezembro de 2003 tive a minha primeira grande decepção amorosa em Brasília. Na véspera do meu aniversário de 16 anos, ele disse: "eu só te queria aqui em Brasília, não vou mais te querer quando a gente voltar para nossa cidade. Para de achar que você é minha mãe". Filho da puta. Quem ele achava que era pra não me querer mais? Demorei uns 6 meses pra me recuperar.

Em 2004 passei no vestibular, aqui e em Brasília, mas não pude ir, minha mãe (sempre ela) não deixou. Ela dizia: "NUNCA VOU DEIXAR VOCÊ COM 17 ANOS SOZINHA EM BRASÍLIA, JÁ NÃO TEM NADA NA CABEÇA, VAI SE PERDER". O que ela não via é que eu já havia me perdido, há anos, bem embaixo de seu nariz. Enfim.

Brasília ficou adormecida, até maio 2007, quando minha irmã me disse: "tá sabendo que o pai vai se mudar pra Brasília? Ele foi transferido". Nem acreditei, meu pai não havia me dito nada, com certeza era mentira. Mas não era. Ele não teve coragem de me dizer, pediu pra minha irmã fazer. Em julho de 2007 ele foi embora. Eu fiquei, sozinha, sem muito rumo. Era uma manhã de sábado, ele colocou algumas roupas no porta-malas - não levou nada além disso, beijou minha testa e disse: "dá um jeito nas minhas coisas, venda o que der e se desfaça do resto". Cuidei de tudo e arrumei o apartamento para ser alugado.

Em janeiro de 2008 fui para Brasília ver meu pai e terminei meu noivado. Foi também em Brasília, junho de 2008, que resolvi voltar com meu ex-noivo, que decisão infeliz. Todas as minhas histórias em Brasília envolvem: abandono, erros e infidelidade.

A última vez que pisei meus pés naquela cidade, foi no meu aniversário de 24 anos. Dia 9 de dezembro de 2011, desembarquei no aeroporto com um vestido rodado azul e um sapato baixo bege, senti o vento seco e um tanto fresco. A sensação era de alívio e um leve desconforto estomacal por conta do porre de tequila que eu havia tomado na véspera. Em 8 dias meu pai voltaria de lá para nossa cidade e todo sofrimento estaria acabado. Meu pai voltou, dia 17 de dezembro de 2011. Pensava que minha história com essa cidade já tinha se encerrado.

Agora, em fevereiro de 2013, Brasília voltou. Querendo devorar minha carne e triturar meus ossos outra vez. Furar meus olhos e esmagar meus joelhos. Moer meu coração e dilacerar minha pele. Me jogar de um lado para o outro, me violentar, me tirar a paz, me fazer chorar. A cidade que foi construída sobre o suor dos nordestinos, para ser sede da corrupção, jogou o verde triste do cerrado em meus olhos, para sempre.

"No princípio era o ermo: Eram antigas solidões sem mágoa.
O altiplano, o infinito descampado.
No princípio era o agreste: O céu azul, a terra vermelho-pungente
E o verde triste do cerrado.
Eram antigas solidões banhadas de mansos rios inocentes 
Por entre as matas recortadas". 
Vinícius de Moraes - Brasília, Sinfonia da Alvorada

Heleninha

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Você tenta em vão me convencer que é melhor não fazer planos pra você

Ele veio e me desnudou. Eu estava ao seu lado e o beijei. Ele nunca disse que ficaria ao meu lado, mas eu deduzi. E deduzi errado. Na verdade, eu sabia, desde o princípio, mas fiz questão de me enganar, só por diversão.

E daí me prendi, eu mesma me amarrei com as próprias mãos. Fiz aquele tal de nó de marinheiro, é esse que nunca se desfaz? Eu me ludibriei pelo simples fato de querer. Brinquei com a sorte e com meu coração, mais uma vez. Coloquei na cabeça que teria alguém para dividir minhas dores, traumas, alegrias, ansiedades, desejos, TPM, tesão, vontade de comer chocolate e etc... Mesmo sabendo que quem eu escolhia, não gostaria de dividir nada comigo. Ele já havia me dito isto, n vezes. Tanto com palavras diretas, como com atitudes. "Você depende muito de mim", é, dependo.

Isso não tem nada a ver com amor, só com vontade. Tanto o amei sem tê-lo ao lado. Pensando bem, considerando que o amor verdadeiro significa renúncia, pergunto-me se já não é hora de renunciar a ele, em consideração ao meu amor e para respeitá-lo em seus desejos.

Geralmente eu faço assim. Eu planejo sua vida e você tem que seguir, ok? O defeito que mais odeio no meu pai, eu tenho. Planejei a nossa relação nos mínimos detalhes e realmente gostaria que tudo acontecesse. Mas não vai, apesar de eu ter certeza que seria o melhor pra mim.

Isso tudo acontece por uma única razão: sou prepotente o suficiente para achar que poderia mudar as vontades de outra pessoa que não eu.

Heleninha