sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Solidão.

Não tem sido fácil. Na verdade, nenhum dos meus dias foram fáceis nesses anos que insisto em me arrastar pelo mundo. Existem feridas que demoram a cicatrizar, outras nunca cicatrizam. Mexer nisso é muito doloroso, mas realmente necessário.

Essa debilidade de criar vínculos, esses sentimentos embaralhados, separação total do corpo e do eu, o nojo que provoca o amor, o asco que causa dependência. Hoje preferiria mil vezes os espancamentos de minha mãe à essa solidão devastadora. Silêncio que machuca.

Sempre fui especial, a rebelde. Nunca entenderam. Briguei bravamente pelo e por quem eu acreditava; abandonei princípios que considerava errados para instituir novos; dei a cara à tapa e coloquei a mão no fogo por quem eu amava... Fracassei.

Fui atrás de encontrar meu caminho e me perdi tantas vezes que nem consigo mais contar. Esmurrei pontas de facas diversas, cai e levantei. O grande problema é que, quando a gente cai e levanta, deixa uma parte nossa no chão e leva uma parte do chão conosco.

Hoje sou só chão, aridez do deserto. Paola Bracho se diz assustada com tanta indiferença. Fico triste por ter me tornado assim. Era só coração, hoje sou terra rachada. Há meses procuro alívio das minhas dores nas águas salgadas de meus olhos, mas nem elas estão comigo agora.

Sou só eu e a vida. Olhei para ela e disse: "termine de me destruir, já estou pronta". Ela fugiu. A mim ninguém mais pode destruir ou machucar. Todas essas marcas no meu corpo e, principalmente na minha alma, me recordam quem eu sou: Ave Fênix, renascida diversas vezes de minhas cinzas.

Heleninha

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