quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Aquele sentimento.

Por que me incomodo tanto com o que as pessoas dizem/acham da minha vida?

Olha, nem eu sei explicar.. Não é que eu precise de aprovação das pessoas, mas é que, de vez em quando, se elas dissessem que você está indo pelo caminho certo, talvez desse um ânimo. Como já disse, nem eu sei explicar direito.

Hoje passei pelo bar da faculdade com minhas amigas e lá estavam discutindo sobre como estará nossa vida daqui a 5, 10 e 20 anos.

Gente, não sei nem o que irei comer amanhã, se estarei viva ou não. Penso no futuro, mas não com tanta veemência ou planejamento quanto elas. Planejamento de coisas incríveis e deveras específicas, como por exemplo a banheira preta vintage que terei no meu banheiro, ou o meu doutorado na Islândia. Não quero grandes coisas, quero apenas estar um pouco acima da mediocridade. (Não sei definir ao certo o meu parâmetro de mediocridade).

Daí me soltam um:
"Olha, Paola, é por isso que você não passou em nenhuma entrevista de emprego, foi porque você nem começou a planejar o seu futuro."

Ou então:
"Paola, você tem tudo porque seu pai te banca, não vai ser mérito nenhum seu se você fizer isso ou fizer assado".

Cara, desnecessários esses comentários.

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Minha vida anda tão conturbada, tão de cabeça para baixo, tão... que eu só queria sumir, sabe? Não ter contato com ninguém, ir para uma ilha só com pessoas desconhecidas, em que eu pudesse festar 24 horas por dia de preferência. Ando precisando muito disso.

Ando com tanto medo das coisas não darem certo, das coisas não se encaminharem devidamente. Estou com muito medo mesmo. Medo de f-r-a-c-a-s-s-a-r, medo de não ser tão boa quanto acho que sou. Medo de ter julgado tanto os outros como inferiores a mim e descobrir que, na verdade, o inferior era eu. Pensamentos como: "Ah, ela é bonita.. mas eu, pelo menos, li Dostoiévski".
De que me adianta agora, me diz, de que adianta?

Sei que preciso ser forte e resiliente, e não desistir. Acho que eu precisava de um livro de auto-ajuda. Mas acho que preciso mais de alguém que coloque minha cabeça em seu ombro e me diga que vai dar tudo certo. Preciso.

Vou dormir para ver se amanhã vai ser melhor.





Paola. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Tá doendo, e agora?

Orgulhosa como sempre, bati no peito e disse que não doeria. Dei risada e debochei: "bem capaz, estou vacinada". E agora? Houston, we have a problem, estoy aqui choramingando pelos cantos.

A única, porém ENORME, diferença é que hoje sou eu by my own, alone, sozinha. Sou eu, eu mesma e a vida. Não posso me dar ao luxo de sofrer, não dessa vez, nunca mais. Mas está doendo muito e eu realmente não sei o que fazer. Dependo e não dependo, acabei me envolvendo demais. Como é que se faz curativo na alma?

Dizem que aos 25 anos a gente a reconhecer que nossa mãe estava certa. Cá estou eu, 4 meses antes de chegar aos 25, pensando: "é, acho que talvez ela estivesse certa". Quem procura acha... e quando acha, nem sempre é o que a gente esperava. Só quero saber quando esse pesadelo vai acabar.


Heleninha.

sábado, 25 de agosto de 2012

Não mereço.


Olá amiguinhos,

Fiquei um bom tempo sem aparecer por aqui, não? Eu sei, mas é que as semanas passadas foram bem conturbadas, e nessa entre safra até doente estive.
Mas o que me traz aqui hoje é que preciso desabafar e dizer: Eu não mereço mais isso.

Terminei um namoro recentemente, em abril para ser mais exata, e em maio já estava saindo com Carlos Daniel Bracho. Meu namoro terminou entre outras coisas por causa de ciúme, ele era muito possessivo, possessivo ao ponto de brigar comigo por eu chegar 10 minutos atrasada depois da aula da faculdade. (Era um namoro à distância, já começa por aí, mas isso não vem ao caso por hora).
Enfim, essa introdução toda somente para dizer que Carlos Daniel está traçando o mesmo caminho. Explico melhor:

Na semana passada em que estive doente Carlos Daniel foi convidado a ir à praia e me convidou para ir junto. Disse que não poderia ir por estar doente, e ter uma prova no fim de semana. Ele disse que ficaria aqui para me fazer companhia, mas que seria difícil me ver porque sua mãe encrenca muito. (Nem entrarei neste mérito, mas saibam que ele não tem 12 anos). Ou seja, ficar aqui para nada, não é mesmo?
Disse a ele que fosse, e que não se preocupasse comigo, pois iria ficar bem.

Ao chegar à praia, me ligava todos os dias, quase como se estivesse me devendo algo, quase como se estivesse me dando satisfações. (Lembrando aqui que não temos nenhum compromisso). Creio, e aqui acho que é realmente verdade, que ele estivesse se sentindo culpado por ter me deixado aqui sozinha, e por isso tentou me compensar de alguma forma. Só que, ele me ligando, me deixou pior, pois eu sabia que ele estava se divertindo, enquanto eu convalescia na cama.
Até aí, ok. Fiquei chateada em um primeiro momento, mas nem falei nada. Só que, veja só como são as coisas, essa semana quem ficou doente foi ele. 
Quanto a isso, fiz minha parte, perguntei se ele precisava de algo, me ofereci para ir ao hospital com ele, fiz tudo o que estava ao meu alcance. Quando foi de noite, seu irmão o levou ao hospital. Nesse ínterim, amigos meus, que não via há tempos me chamaram para sair. Aceitei, até porque, não saia há alguns fins de semanas. Quando saí, lhe deixei um recado no MSN, dizendo que sairia e que se ele precisasse de algo, que me ligasse. Primeiro que, não devo satisfação nenhuma a ele, e mesmo assim o fiz, por achar que é sacanagem não avisar. Já ouvi o “não te devo satisfação nenhuma da minha vida” de outra pessoa, e acho que isso me traumatizou pelo resto de minha existência, por isso, jamais falaria isso para alguém. Mas, enfim.

No outro dia, nego virou um bicho. Nossa, como você sai sem avisar, enquanto eu estou doente, e você nem se preocupa comigo, e tem uma foto sua com um cara aí no facebook e mimimi, mimimi e mais mimimi.  Falou um monte de coisa, um monte de coisa mesmo. Disse que iria mudar seu jeito de ser comigo porque, segundo ele, “esperamos que as pessoas façam o mesmo que faríamos”. Disse a ele que essa lição aprendi desde pequena, e que isso é o motivo maior de nossa decepção com as pessoas e que era bom ele aprender logo.

Essa discussão se deu por horas e sabem? Não mereço. Não mereço mesmo. A pior coisa que se pode fazer em um relacionamento é tentar controlar a vida da outra pessoa. Você pode até tentar controlar, mas faça isso com elegância, faça isso manipulando muito bem, jogando muito bem com as palavras, com as situações e com os mecanismo de recompensa, porque do contrário você acaba levando a fama de louco neurótico.

Foi bem como Heleninha disse:

"Você fica doente, eu viajo. Eu fico doente e você deve convalescer ao meu lado."

*Negro, por favor. 




Paola. 


*Lembrando que esta é a tradução da expressão inglesa "nigga, please" e que este blog não faz nenhuma apologia ao racismo e outras formas de discriminação. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Para sempre

Comecei a pensar nesse post há alguns dias, quando fui assistir Batman e dormi do começo ao fim do filme. Meus amigos indignados: COMO VOCÊ CONSEGUIU DORMIR? Dormi. Simples, fechei os olhos e só acordei duas ou três vezes pra mudar a posição do meu braço que insistia em ficar adormecido. A indignação se estende quando eu falo que nunca li quadrinhos, nem vi Harry Potter ou Senhor dos Anéis, nem Dragon Ball, nem Cavaleiros do Zodíaco, nem Caverna do Dragão. E, pasmem, nunca vi O Rei Leão! O desenho que permeou a mente de todas as crianças, que emocionou os pequenos e seus pais. Não pude assistir.

Na época de conversar sobre como ter o corpo ideal e alternar horas de academia e "trocar uma ideia com a galera", eu pensava no cesto de roupas que tinha para lavar e depois passar, estudava Latim aos sábados e matemática aos domingos. Na época de ter ídolo e pôster no quarto, eu guardava alguns CDs de Rock na gaveta de calcinhas e escutava no fone de ouvido depois que todos de casa tinham ido dormir. Na época de dar o primeiro beijo e pegar na mão do paquera da escola, eu corria de todo tipo de afeto.

As brincadeiras em troca de horas sentada no banco da igreja. As festas juninas, ano após ano, que eu não dancei. As poesias que foram rasgadas para ninguém achar que eu era triste. Os CDs que foram jogados fora quando encontrados. A criatividade de teatros e a vontade de fazer algo diferente e não ser mais uma medíocre, ridicularizadas. O que me foi vetado caiu, se perdeu numa valeta em algum lugar do passado. Um quarto quebrado, um nariz quebrado, um coração quebrado... para sempre.

Vê-la sofrendo me doía. Lembro-me de quando via seu rosto molhado e pegava minhas mãos pequenas com unhas roídas para limpar. Dormia em seu ombro, sentindo o seu cheiro e era a menina mais importante do mundo. Mas a porta da sua felicidade estava trancada para mim, ofereci meu amor para abri-la, mas o meu amor não era a chave adequada. Não suportava o fato de ela ser triste. Se, pelo menos, deixasse eu me aproximar dela para acariciá-la, mas ela não queria. Amei-a loucamente durante minha infância e adolescência. Depois a detestei. E, por último, a abandonei. Eu a irritava. Não sabia conversar com ela, agia desastradamente e a chocava.

E ela prosseguiu no que achava correto, tão calma quanto eu me agitava, tão inteira quanto eu me dilacerava; meu coração batia até se despedaçar. Ninguém, além dela, poderia interromper a degradação da minha alma. Meu corpo ser curvou e eu me tornei feia, por fora e por dentro. Se eu pudesse saber o mal que ela me faria, se eu pelo menos desconfiasse a ferida incurável que ela iria me abrir, eu teria fugido. Ela esmagou meus joelhos, arrebentou meus tímpanos, quebrou meus dedos, me dissecou. Quantos golpes violentos me acertou; que brutalidade, que carnificina. A lembrança da vulgaridade das palavras em sua boca e da raiva nos seus olhos esverdeados me dá calafrios e uma náusea constrangedora. E Ele? Ele nada podia fazer para me proteger ou livrar, pois não tinha dimensões próprias. Ele era o que ela havia construído, e só.

As sequelas são terríveis. Medo reavivado pelo pesadelo que tive domingo e tenho vergonha de contar; o rancor vem à tona. Não vejo muito a se fazer, só esperar. Caminhar um dia de cada vez e torcer para que esse monstro que se aninha entre meus ombros e meus peitos durma tempo bastante para não despertar outra vez antes que eu tenha ido. Sobrevivo com o nada que sobrou. Não posso ser amada, não posso seduzir, somente ser rejeitada. Me destruo, me perco, me desprezo, me odeio. Não sinto prazer, mas também não sinto aversão. Nada me choca, nada me surpreende, não sinto mais medo de me machucar. Luto para parecer normal. Todas as minhas forças são usadas para enterrar a minha violência, o mais fundo possível. Isso faz tudo em mim doer, principalmente a garganta, para que a ferocidade e nada mais saia.

Heleninha.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Pussy Riot

Nunca tinha ouvido falar da banda punk feminista com letras abertamente anti-governo de Vladimir Putin, nem mesmo depois do show polêmico, realizado na Catedral do Cristo Salvador em Moscou. Tal evento mantêm detidas, até hoje, três das integrantes. As meninas se juntaram em setembro de 2011, depois que Putin anunciou que se candidataria novamente em 2012.
A banda, que se recusava a tocar em "shows normais", promoviam uma série de "shows ilegais", incluindo na Praça Vermelha (praça central de Moscou e de toda a Rússia. Onde aconteciam os desfiles militares soviéticos durante a extinta União Soviética).


Em fevereiro, realizaram um show na Catedral do Cristo Salvador em Moscou. Em março, Putin retornou ao poder. Yekaterina Samutsevich (29 anos), Nadezhda Tolokonnikova (23 anos e mãe) e Maria Alyokhina (24 anos e mãe também) ainda estão sob custódia e podem ser condenadas de três a sete anos de prisão. O veredito deve sair na semana que vem, dia 17 (isso se já não tiver saído, do jeito que ando desinformada).


O que me chamou mais atenção é que não vi nenhuma movimentação punk a respeito do assunto. Não li um artigo de colega, nem manifestação em rede social. Por enquanto, vi somente Madonna e Yoko Ono se manifestando. Achei lindo o que a Madonna fez em seu show, tocando encapuzada, como as meninas fazem, e mostrando PUSSY RIOT escrito em suas costas. Defendeu bravamente o trio feminino que está detido acusado de vandalismo motivado por ódio religioso.
Ódio religioso, oi? Não seria apenas um protesto contra os líderes e fiéis ortodoxos que apoiaram e ainda apoiam Vladimir Putin?

Os fiéis ortodoxos e seus líderes (grandes filhos da puta) se recusam a dar perdão para o acontecido e queimaram um poster de Madonna (HAHAHAHAHA MADONNA CHORA, COM CERTEZA) e Dmitri Rogozin, vice-primeiro-ministro russo, xingou-a de "puta velha" no Twitter. Teve tanta repercussão, que o show que a rainha do Pop faria em São Petersburgo estava sob ameaça de terroristas.


Sei que as meninas ganharam uma grande admiradora. Começando pelo nome da banda, que sugere a "rebelião" de um órgão sexual que, teoricamente, deveria só receber coisas enrijecidas. Isso sim é revolução; querer mudar governo que oprimem, sexistas que acham saber o certo. 

Não ficaram como o vice-primeiro-ministro e alguns coleguinhas, xingando muito no Twitter!

Heleninha.

Alguém avisa?

Gente, sem palavras para a reportagem que eu vi hoje à tarde. Naomi Campbell está ficando careca por conta do uso contínuo de aplique. Alguém mostra a foto pra Piaçava?

Faz muito aplique, cai cabelo. Tem que ver isso aí, hein? Depois não vale falar que eu fiz macumba!


"TO LINDAAAAAAAAAAAA"

Heleninha.

No soy normal!

Andei percebendo esses dias que estou sofrendo de adolescência tardia.

Ando com a pele oleosa, cheia de espinhas, coisa que eu nunca tive (porque né, nem a pele eu posso ter de bom), e agora estou platonicamente apaixonada pelo meu professor de Economia. Ele já havia me dado aulas no 2° semestre, época em que eu ia para a faculdade todos os dias de sainha, toda periguetezinha e cheia de amiguinhorsrs, e agora ele voltou, não mais bonito do que aquela época, ele até deu uma enfeiadinha, uma engordadinha... Mas, guess what? Eu também!


E ai, odeio isso, que coisa mais de underage, se apaixonar por professor.

Só queria desabafar isso com vocês.

Paola.

UPDATE Heleninha: Gente, é sério, alguém interna Paola Bracho, pufavor. Nega tá procurando professor no FaceBook pra dar stalk.

Paola: joguei o nome dele no Google.
Heleninha: meu Jesus!
Paola: ACHEI! ACHEI VÍDEOS!
Heleninha: vídeos dele?
Paola: não, porno, infelizmente. Semana que vem vou mais arrumada pra faculdade.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

No babies, yes obesidade.

Era ano novo, fui passar a data com os primos do meu ex-namorado em um bairro que eu JAMAIS ouvira falar. Tudo por amor (q?), ok, vamos lá. Como? De ônibus, claro. Pobreza, velha conhecida, mandava beijos e a gente acenava de volta.

A noite foi agradável, vimos os fogos de artifício e fomos dormir. No meio da noite, meu ex que estava mega bêbado, saiu do quarto e não voltou. Eu, que já estava bem cansada de toda aquela palhaçada, lancei um foda-se e voltei a dormir. Quando acordei, encontrei sua prima na sala, meio desconcertada, perguntei o que havia acontecido e ela abriu a porta do quarto. Vi aquela cena dantesca e não sabia onde enfiar minha cara: meu ex estava deitado na cama do casal, roncando, de cueca. Tips, saiu no meio da noite do quarto para deitar entre o casal, oi?

Fiquei putíssima, acordei a criatura e fomos embora. Além de ter perdido minha sandália no meio do barro, ter que passar por todo o constrangimento e enfim. Quando entrei no ônibus, um moço todo simpático me ofereceu o lugar preferencial de gestantes.
Olha, qual a dificuldade de perceber que não estou grávida? Sou só obesa. Tenho pança sim, mas tenho perna grossa, braço de salgadeira, a gordura é toda distribuída. Faço parta da parcela obesa da população brasileira e só. Olho para o lado e vejo meu ex, depois de toda a palhaçada que fez, querendo rir. Foi quando percebi que algo muito errado estava acontecendo na minha vida.

Piaçava ri.


"não sou gorda, tô só meio cheinha rsrsrsrsrs"

Heleninha.

Todo o constrangimento é pouco

Meu cosplay no metrô da Sé às 6 horas da tarde:


Minha cara quando me oferecem assento preferencial por acharem que estou grávida:


Paola.

domingo, 5 de agosto de 2012

Senta aqui minha filha, vou te explicar algumas coisas sobre a vida:

Eu olho para a pessoa e sei. Toda a vez que vou contra isso, acontece alguma decepção. Sempre juro que vou acreditar mais no que o meu radar de relacionamento interpessoal aponta, mas no outro dia, lá estou eu indo contra ele.

Com a criatura em questão foi assim. Quando a vi, fui até embora a pé de tanto desespero que senti. Sempre mantive a minha distância preventiva e amiguinhos em comum dizendo que eu era ruim e chata por não dar uma chance. Um ano depois todos a odeiam e eu não posso nem falar "eu avisei", já que não quero parecer minha mãe.

A única coisa que sei é que sempre fui um afeto para essa pessoa, que na presente ocasião chamarei de Piaçava - pela ampla semelhança entre as fibras da palmeira, as quais são utilizadas na fabricação de vassouras, e seu cabelo. Utilizo a palavra afeto aqui no sentido de agir sobre alguém. O afeto que Piaçava nutriu por mim todo esse tempo, podemos dizer que não foi um dos dez mais cristãos.

Ao nascer, Piaçava foi pouco favorecida de beleza facial e sua inteligência, por falta de estímulo e uso abusivo de entorpecentes, se tornou cada vez mais imperceptível com o passar dos anos. Apesar do corpo consideravelmente bonito para os padrões de beleza atuais, ainda se sente inferior e necessita da aprovação de todos que a cercam. Não teve a minha, o que lhe causou grande perturbação emocional.

Piaçava passou a sustentar alguns sentimentos hostis por mim. Primeiro grande erro, não se sente inveja de uma pessoa que está na merda, mas enfim. O fato de eu saber conversar sobre outras coisas que fugiam de seu habitual (drogas, plásticas e trepar com Johnny Depp) sempre a incomodou bastante.

De uns tempos pra cá, Piaçava vem sofrendo de rebeldia de adolescência tardia e resolveu infernizar minha vida. Só se esqueceram de avisá-la para caprichar MUITO, porque pra deixar minha vida mais inferno do que sempre foi tem que ter muita habilidade.

Nega me chama de gorda e acha que vai ofender. Só olho e respondo: "VOCÊ PERCEBEU? SÉRIO? ACHEI QUE DAVA PRA DISFARÇAR". De verdade, fiquei chatiiiiiada, como não me avisaram antes que todos conseguiam ver a mesma imagem que eu vejo no espelho todas as manhãs? Pensei que só eu tinha esse (des)prazer. Enfim, senta aqui minha filha, vou te explicar algumas coisas sobre a vida: EU AINDA PRECISO EMAGRECER MUITO PRA SER CHAMADA DE GORDA. Vá fazer algo de útil, pare de usar o dinheiro do supletivo para fazer plástica. Pare de usar biquíni como se fosse vestimenta de passeio, afinal nem praia nós temos aqui. E o principal e mais importante, não faça mais penteado de noiva pobre para sair de casa.

Da próxima vez, vocês deveriam acreditar mais em mim.


"Sou meio ninfomaníaca rsrsrsrsrsrs, daria para o Johnny Depp agora se ele quisesse"

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Solidão.

Não tem sido fácil. Na verdade, nenhum dos meus dias foram fáceis nesses anos que insisto em me arrastar pelo mundo. Existem feridas que demoram a cicatrizar, outras nunca cicatrizam. Mexer nisso é muito doloroso, mas realmente necessário.

Essa debilidade de criar vínculos, esses sentimentos embaralhados, separação total do corpo e do eu, o nojo que provoca o amor, o asco que causa dependência. Hoje preferiria mil vezes os espancamentos de minha mãe à essa solidão devastadora. Silêncio que machuca.

Sempre fui especial, a rebelde. Nunca entenderam. Briguei bravamente pelo e por quem eu acreditava; abandonei princípios que considerava errados para instituir novos; dei a cara à tapa e coloquei a mão no fogo por quem eu amava... Fracassei.

Fui atrás de encontrar meu caminho e me perdi tantas vezes que nem consigo mais contar. Esmurrei pontas de facas diversas, cai e levantei. O grande problema é que, quando a gente cai e levanta, deixa uma parte nossa no chão e leva uma parte do chão conosco.

Hoje sou só chão, aridez do deserto. Paola Bracho se diz assustada com tanta indiferença. Fico triste por ter me tornado assim. Era só coração, hoje sou terra rachada. Há meses procuro alívio das minhas dores nas águas salgadas de meus olhos, mas nem elas estão comigo agora.

Sou só eu e a vida. Olhei para ela e disse: "termine de me destruir, já estou pronta". Ela fugiu. A mim ninguém mais pode destruir ou machucar. Todas essas marcas no meu corpo e, principalmente na minha alma, me recordam quem eu sou: Ave Fênix, renascida diversas vezes de minhas cinzas.

Heleninha